NAZISMO E SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

 Na década de 1920, em alguns países da Europa, iniciou-se um processo político caracterizado pela crise das democracias liberais. Essa crise acabou influenciando
tanto o recuo do liberalismo como a ascensão de regimes totalitários em alguns locais da Europa,
conforme estudaremos neste capítulo.
O chamado totalitarismo é um regime político marcado por um Estado forte que busca estender seu poder sobre todos os setores da sociedade, supondo alcançar a completa submissão dos indivíduos. Sua denominação derivou-se de uma frase proferida pelo líder fascista Benito Mussolini: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”.
Após a Primeira Guerra Mundial, humilhada pela derrota e pelas duras condições impostas pelo Tratado de Versalhes, grande parte da sociedade alemã enfrentou os anos 1920 com imensas dificuldades econômicas e sociais. Era o período político da história da Alemanha conhecido como República de Weimar. Weimar é a cidade alemã onde foi redigida a Constituição de 1919, que deu origem ao regime republicano.
Terminada a guerra, a população alemã passou por um período de enormes dificuldades em decorrência do pagamento de indenizações aos países vencedores, da desmobilização de milhões de soldados, do elevado número de desempregados e de uma das mais altas taxas de inflação já conhecidas. Animados
com o exemplo da Revolução Russa, diversos setores do operariado protestavam contra a situação social e a exploração capitalista em greves organizadas pelos partidos Comunista da Alemanha e Social-Democrata da Alemanha. Temendo a expansão do socialismo, considerável parcela da elite política e econômica alemã passou a apoiar o Partido Nazista – autoritário e antidemocrático – liderado por Adolf Hitler. Os partidários do nazismo eram também chamados de nazis. A palavra nazi é formada de duas sílabas extraídas da palavra alemã Nationalsozialistische (Nacional-Socialista), que compõe o nome do partido liderado por Hitler. Daí derivaram-se os termos nazista e nazismo.

Doutrina nazista
Antes de se tornar chanceler, enquanto estava detido, Hitler escreveu o livro Mein Kampf (Minha luta), que se tornou a obra fundamental do nazismo. Nesse livro, foram expostas as bases da doutrina nazista — um conjunto de ideias autoritárias e pseudocientíficas. Algumas dessas ideias autoritárias eram as seguintes:
• Superioridade da raça ariana – teoria de que o povo alemão descenderia, supostamente, de uma “raça superior” (os arianos) e, por isso, teria o direito de dominar as “raças consideradas inferiores” (judeus, eslavos etc.).
• Antissemitismo – ideia de que os judeus (ou semitas) fazem parte de uma “raça inferior” e, por isso, poderiam corromper e destruir a suposta “pureza” alemã. Propunha que relações sexuais e casamentos entre judeus e alemães deveriam ser proibidos, e os judeus, aniquilados.
• Total fortalecimento do Estado – ideia de que o indivíduo deve submeter-se totalmente à autoridade soberana do Estado, personificado na figura do Führer (chefe supremo).
• Expansionismo – tese segundo a qual o povo alemão teria o direito de conquistar seu espaço vital, ou seja, expandir militarmente seu território para, inclusive, reunir as comunidades alemãs que se encontravam em outros países e sustentar seu crescimento.
Quanto à educação, Hitler pregou, no Mein Kampf: “O povo alemão, hoje destruído, morrendo, entregue, sem defesa, aos pontapés do resto do mundo, tem absoluta necessidade da força que a confiança em si proporciona. Todo o sistema educacional deve ter como objetivo dar às crianças de nosso povo a certeza de que são absolutamente superiores aos outros povos”.
Durante seu governo, Hitler manteve rígido controle sobre diversos setores da sociedade alemã. Além
da censura política e do controle sobre a educação, buscou impor os padrões e as ideias nazistas às artes plásticas, à música, à literatura, ao cinema e até mesmo à pesquisa científica.
No plano externo, desrespeitando as proibições do Tratado de Versalhes, o governo nazista militarizou rapidamente o país e, em 1938, iniciou sua política de expansão pela Europa. Com base na tese do espaço vital, sua primeira investida foi contra a Áustria, que conquistou sem luta militar em 1938. A política expansionista alemã desencadearia, um ano depois, a Segunda Guerra Mundial.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
A Segunda Guerra Mundial foi um conjunto de confrontos bélicos que envolveu cerca de 58 países
de várias regiões do planeta entre os anos de 1939 e 1945. As principais batalhas foram travadas na Europa, no norte da África e no Extremo Oriente.
Durante o conflito, formaram-se dois blocos (ou alianças) rivais entre as potências beligerantes:
• Potências do Eixo – bloco formado pela Alemanha, pela Itália e pelo Japão;
• Potências Aliadas – bloco formado pelos países Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética, além
da China, em menor escala, e da França, invadida e ocupada pelos alemães durante quase todo o conflito.

FATORES DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
* Questões não resolvidas da Primeira Guerra Mundial: 
Os governos dos países vencedores tinham imposto, por meio do Tratado de Versalhes, duras condições às nações derrotadas, especialmente à Alemanha, considerada responsável pelo conflito. Muitos alemães sentiram-se humilhados com as imposições desse tratado. No momento em que a economia da Alemanha atravessava grave crise, o líder político Adolf Hitler fez despertar o sentimento de revolta da população. Apelando para o orgulho nacional, ele alcançou o poder e fortaleceu o Estado nazista.

* Fragilidade da Liga das Nações 

*Expansionismo das ditaduras:
Durante a década de 1930, os governos totalitários da Alemanha e da Itália e o regime militarista do
Japão buscaram um alto grau de disciplina social em seus países, dirigindo seus esforços para a recuperação econômica e o desenvolvimento militar. No plano externo, empenharam-se em modificar a ordem internacional estabelecida pelos vencedores da Primeira Guerra, implementando uma política de expansão territorial, militar e econômica.

MAPA REPRESENTANDO O EXPANSIONISMO ALEMÃO

A Segunda Guerra pode ser dividida em duas grandes fases:
• Primeira fase (1939-1941) – marcada, principalmente, pela rápida e eficiente ofensiva alemã, com a ocupação de vários países pelas forças nazistas. Os primeiros anos da guerra caracterizaram-se pela rápida ofensiva das forças nazistas. Foi a chamada guerra-relâmpago (Blitzkrieg) sobre as linhas de defesa adversárias, estratégia marcada pelo avanço veloz dos veículos blindados (Panzers), apoiados pelos bombardeios da Luftwaffe (força aérea alemã), e a chegada, por último, das tropas de ocupação, que consolidavam a vitória nazista.

• Segunda fase (1942-1945) – marcada pela entrada da União Soviética e, depois, dos Estados Unidos na guerra e pela “mundialização” do conflito, com a formação de dois grandes blocos de países (os que apoiavam o Eixo e os que apoiavam os Aliados). Essa fase terminou com a vitória dos Aliados.
No ano de 1941, ocorreram dois fatos que mudaram totalmente os rumos e a dimensão do conflito:
• invasão alemã à União Soviética – no dia 22 de junho, rompendo acordos anteriores, tropas alemãs
invadiram a União Soviética, o que motivou a reação militar soviética contra os nazistas;
• ataque japonês a Pearl Harbor – no dia 7 de dezembro, pressionados pelos embargos econômico e
de fornecimento de petróleo por parte do governo dos Estados Unidos, os japoneses atacaram a base
militar estadunidense de Pearl Harbor, no Havaí. No dia seguinte, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a declaração de guerra contra o Japão.
Com a entrada dos Estados Unidos no conflito, toda a sua força industrial foi posta a serviço da guerra e dos Aliados. Milhares de navios, tanques e aviões, bem como toneladas de armamentos, foram produzidos pelas indústrias bélicas do país.
Em 1942, tiveram início bombardeios aéreos sistemáticos ingleses e estadunidenses sobre as grandes cidades alemãs. A intensidade desses ataques foi aumentando até 1945. Aos poucos, a aviação Aliada destruía as redes de comunicação e as zonas petrolíferas dos nazistas, paralisando, assim, a indústria bélica germânica.
Mesmo diante da esmagadora pressão dos adversários, tanto na frente oriental (soviéticos) como na frente ocidental (ingleses, estadunidenses e demais aliados), o comando nazista, situado em Berlim, decidiu lutar até a morte. Para isso, promoveu uma mobilização maciça da população alemã, incluindo crianças, mulheres e idosos. Tribunais militares nazistas obrigavam a população a lutar.
Em 25 de abril de 1945, a cidade de Berlim estava totalmente cercada. Em 30 de abril, Adolf Hitler, sua mulher Eva Braun e o ministro Joseph Goebbels suicidaram-se. No dia 8 de maio de 1945, deu-se a rendição incondicional da Alemanha. Essa data é considerada na Europa o Dia da Vitória.

No Extremo Oriente, porém, a guerra prosseguiu, pois o Japão não se rendia, e já tinham se passado quase três meses desde o final do conflito na Europa. O governo e os líderes militares dos Estados Unidos, que desde o ataque a Pearl Harbor vinham combatendo os japoneses, decidiram desferir o golpe definitivo, em agosto de 1945.
Em uma demonstração ao mundo de seu poderio militar, os estadunidenses explodiram duas bombas atômicas em território japonês: a primeira em Hiroshima (6 de agosto), e a segunda em Nagasaki (9 de agosto). Nas duas cidades, morreram instantaneamente cerca de 160 mil pessoas. Tempos depois, milhares de pessoas viriam a morrer em consequência de doenças provocadas pela radiação
nuclear daquelas bombas. A rendição incondicional japonesa ocorreu, finalmente, em 2 de setembro de 1945.

HOLOCAUSTO
Os campos de concentração e extermínio (como Auschwitz, Chelmno, Belzec, Sobibor e Treblinka) eram locais onde o governo nazista aprisionava os “indesejáveis” do regime: judeus, eslavos, ciganos, comunistas, homossexuais, deficientes físicos e mentais, entre outros, além de alemães que colaboravam com essas pessoas. Eram pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos, submetidas a todo tipo de tortura, maus-tratos e humilhação. Por último, nos campos de extermínio, eram conduzidas à morte, utilizando-se para esse fim principalmente as câmaras de gás, disfarçadas
com frequência como locais de banho. 
Os cálculos sobre as vítimas do nazismo em campos de concentração variam muito. Os soviéticos, por
exemplo, consideram que só em Auschwitz (Polônia), o maior desses campos, tenham morrido cerca de
4 milhões de pessoas. Já o trabalho de historiadores como Raul Halbug aponta um número entre 1,1 e
1,5 milhão, dos quais 90% eram judeus.








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