GRÉCIA ANTIGA

Território, sociedade e organização política
Cerca de 80% do território grego é dominado por montanhas. Os vales das cadeias de montanhas possuem terras férteis, favoráveis ao estabelecimento de grupos humanos, o que de fato ocorreu ao longo da história da Grécia. Além disso, é notável a presença do mar, pois praticamente nenhum ponto do interior da Grécia fica muito distante de sua costa recortada.
As águas calmas do litoral grego e as pequenas distâncias que separam as ilhas eram um convite à navegação, algo bem aproveitado pelos gregos antigos. Essas características conferiram um aspecto fragmentado ao território da Grécia, condição que, como supõem alguns historiadores, de certo modo influiu na fragmentação política helênica.
Assim, os gregos antigos não construíram um Estado unificado. O que chamamos de Grécia Antiga é, na realidade, um conjunto de pólis, isto é, cidades independentes e, muitas vezes, rivais umas das outras.

Primeiros povoadores
A partir de 2000 a.C., diversos povos (aqueus, jônios, eólios e dórios) começaram a se estabelecer na região sul dos Balcãs. Dominando as populações já existentes nessas regiões, esses povos deram origem a uma mescla de etnias e culturas que, ao longo do tempo, adquiriu certa unidade e constituiu os helenos, isto é, o povo grego.
Pólis: a cidade-Estado
A partir do século VIII a.C., formaram-se na região da Grécia Antiga diversas cidades independentes, cada qual com seu governo, leis, calendário, moedas. Cada uma dessas cidades era chamada de pólis, palavra grega que costuma ser traduzida por “cidade-Estado”.
Messênia, Tebas, Mégara e Erétria eram algumas cidades-Estado gregas. Entretanto, as que mais se destacaram foram Atenas e Esparta, pela liderança que em certas épocas exerceram sobre as demais cidades.
De modo geral, podemos dizer que a pólis reunia agrupamentos humanos que habitavam um território cuja área variava entre 1 000 e 3 000 km2.
Na área urbana, havia um centro com praças, edifícios públicos, templos, casas, oficinas etc. Era onde se concentrava o núcleo político e religioso, além da atividade artesanal e comercial de alimentos e de produtos como tecidos, roupas, sandálias, armas, artigos em cerâmica e vidro.
Na área rural, a população dedicava-se a atividades agropastoris, como o cultivo de oliveiras, videiras, trigo e cevada e a criação de cabras, ovelhas, porcos e cavalos.
Como dissemos, havia conflitos e diferenças entre as diversas pólis, mas alguns elementos culturais integravam suas populações: falavam a mesma língua (apesar dos diferentes dialetos), tinham uma base religiosa comum, participavam dos Jogos Olímpicos etc. Em função disso, reconheciam-se como helenos (gregos) e chamavam de bárbaros os povos que não falavam sua língua nem tinham seus costumes.
Colônias gregas
Do século VIII até o século VI a.C., inúmeros gregos deixaram suas cidades e partiram para diversas regiões do litoral do Mediterrâneo e dos mares Egeu e Negro.
Nessas regiões, fundaram novas cidades — as colônias para povoamento —, as quais chamavam de apoíkias, palavra que pode ser traduzida por “abrir uma nova casa”. Historiadores consideram que essa expansão colonizadora parece estar relacionada, principalmente, a questões sociais, originadas por problemas de posse da terra, dificuldades na agricultura e aumento da população.
Para fugir da miséria, muitos gregos migraram em busca de terras para plantar e de melhores condições de vida, o que acabou ocasionando a fundação de novas cidades.
Muitas colônias se transformaram em centros comerciais, pois dispunham de portos estratégicos para as rotas de navegação. Assim, a colonização grega favoreceu o desenvolvimento da navegação marítima,
impulsionou o comércio e a produção artesanal e contribuiu para o intercâmbio cultural dos gregos com outros povos.

Fonte: https://www.educabras.com/aula/grecia-antiga 
ESPARTA

Localizada na península do Peloponeso, em uma região de solo apropriado para o cultivo da vinha e da oliveira, a cidade-Estado de Esparta não teve uma área urbana importante. Era uma cidade de caráter militarista e oligárquico.
Um dos principais objetivos do governo de Esparta era fazer de seus cidadãos modelos de soldados — bem treinados fisicamente, corajosos e obedientes às leis e às autoridades —, a fim de engajá-los no exército e manter o modelo de Estado espartano.
Sociedade espartana
A sociedade espartana dividia-se em três categorias principais: esparciatas, periecos e hilotas. Os esparciatas eram cidadãos espartanos, homens livres que permaneciam à disposição do exército ou dos negócios públicos, podendo participar do governo da cidade. Cumpriam uma série de deveres junto ao Estado espartano. Eram proprietários das terras nos arredores da cidade, no entanto, “cada lote de terra (kléros) era mais uma propriedade da família do que do indivíduo: era inalienável”.1
Já os periecos eram pessoas livres que se dedicavam principalmente ao comércio e ao artesanato. Descendiam dos povos conquistados pelos esparciatas e não tinham direitos políticos nem participavam
dos órgãos do governo, mas tinham a obrigação de pagar impostos ao Estado.
Os hilotas, por sua vez, viviam presos à terra dos esparciatas. Deviam cultivá-la a vida inteira e não podiam ser expulsos de seu lugar. Desprezados socialmente, promoviam frequentes revoltas contra os grupos dominantes.
Conta-se que, para controlar as revoltas e manter os hilotas em submissão, os esparciatas organizavam expedições anuais de extermínio (kriptias), que consistiam na perseguição e morte dos hilotas considerados
perigosos.

ATENAS

Outra importante pólis grega era Atenas, que se tornaria a mais célebre cidade da Grécia Antiga e a capital da Grécia atual. Fundada pelos jônios, situa-se no centro da planície da Ática. O centro original da cidade localizava-se em uma colina alta, a acrópole, tendo, assim, uma proteção natural contra ataques.
Devido à pouca fertilidade dos solos da região, os atenienses lançaram-se à navegação marítima. Tornaram-se, assim, excelentes marinheiros, chegando a dominar grande parte do comércio pelo Mediterrâneo.

Sociedade ateniense
A sociedade ateniense costuma ser agrupada em três grandes categorias: cidadãos, metecos e escravos.
Os cidadãos eram homens adultos (maiores de 21 anos), filhos de pai e mãe atenienses. Eram pessoas de diferentes condições econômicas: grandes e pequenos proprietários de terra, grandes e pequenos comerciantes etc. Tinham direitos políticos e participavam do governo da cidade. Raramente os atenienses concediam o direito de cidadania a pessoas de outras cidades.
Já os metecos eram pessoas que viviam em Atenas, mas não haviam nascido na cidade. Não tinham direitos políticos e eram proibidos de comprar terras, mas podiam trabalhar no comércio e no artesanato. Em geral, pagavam impostos para viver na cidade e, em certas épocas, podiam ser convocados para o serviço militar.
Os escravos, geralmente prisioneiros de guerra, eram comprados de estrangeiros nos mercados de escravos, ou eram filhos de escravos que já viviam na cidade. Em Atenas, viviam milhares de pessoas escravizadas. Alguns historiadores estimam que, no final do século IV a.C., eram aproximadamente 400 mil. Calcula-se que uma família rica chegava a ter 20 escravos para os serviços domésticos. A família que, nessa época, não tivesse pelo menos um escravo demonstrava levar vida de pobreza. Os escravos urbanos estavam, geralmente, protegidos pelas leis atenienses contra abusos ou brutalidades.
Diante dos abusos e da concentração de poder da aristocracia, grande parte dos atenienses (comerciantes, artesãos, camponeses) começou a exigir reformas políticas e sociais.
Assim, nos séculos VII e VI a.C., surgiram reformadores como Drácon, que impôs leis escritas para acabar com as vendetas, e Sólon, que libertou os cidadãos transformados em escravos.
Essas reformas fizeram parte das conquistas, em que a maioria dos grupos sociais não aristocráticos uniu-se para exigir participação política no governo da cidade. O processo culminou na criação de uma nova maneira de governar Atenas, que foi chamada de democracia.

Comparando democracias
Há várias diferenças entre as democracias atuais e a antiga democracia ateniense. Vimos, por exemplo, que em Atenas somente parte dos homens adultos constituía o grupo de cidadãos, isto é, tinha direito a participar da vida política. Hoje, em uma sociedade democrática, a cidadania é uma condição a que todos os seus membros têm direito.
Outra grande diferença é que, em Atenas, a democracia era direta, ou seja, todo cidadão apresentava-se pessoalmente na Assembleia para votar sobre diferentes assuntos da vida pública.
Já a maioria dos sistemas democráticos atuais é representativa, ou seja, o cidadão elege os políticos (prefeitos, governadores, presidente, vereadores, deputados e senadores) para representá-lo nos diferentes órgãos da administração pública.

Legado grego

Considerada berço da civilização ocidental, a Grécia Antiga deixou um legado cultural que foi a base da cultura do mundo moderno. A cultura grega influenciou na linguagem, na política, no sistema educacional, na filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura.



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